"Crê-se que ascendam a 2.414.328 os documentos que compõem as 81 bibliotecas da Universidade de Coimbra. Um património único que distingue a instituição tornando o seu espólio num dos mais valiosos do país. Em termos de distribuição, estima-se que a Biblioteca Geral, que inclui também a Joanina, possua 1.541.105 documentos, a área das ciências básicas possui 65.150 documentos, ciências da saúde 69.453, ciências sociais 228.562, ciências da vida 46.625, engenharia, arquitectura e ciências da terra 72.368, humanidades 362.245, psicologia e ciências da educação 16.754 documentos. Os centros de investigação possuem cerca de 12.066 documentos.
O espólio da BGUC torna-a numa das mais importantes bibliotecas do país. No cofre do edifício, resguardam-se tesouros como uma Bíblia Hebraica, do século XIII aproximadamente, produzida pela escola de calígrafos hebraicos de Lisboa e parcialmente escrita sob a forma de desenho que apenas pode ser lido com recurso a uma lupa. Este exemplar terá sobrevivido à Inquisição, permanecendo sempre no país, provavelmente escondido, até que foi adquirida pela BG no século XIX. É conhecida como a bíblia Abravanel, nome da família a quem terá pertencido segundo várias assinaturas visíveis na obra.
A BGUC tem, aliás, uma significativa colecção de bíblias, de algumas dezenas de exemplares, mas sobretudo uma das melhores colecções do país de livros de coro. Praticamente 30 exemplares produzidos para uso do Mosteiro de Santa Cruz e que constituem um conjunto de peças que ilustram de uma maneira muito completa o que era o ordinário do mosteiro. Um primeiro exemplar dos Lusíadas, de 1572, um livro de horas com iluminuras e um exemplar único das chamadas tábuas, que acompanhavam o roteiro de D. João de Castro – o roteiro do mar Vermelho e o roteiro da Índia –, são outros dos tesouros da BGUC. Neles ele descreveu como é que se ia de Portugal até lá, como é que se navegava, os vários portos, as aguadas, os sítios onde se podia ancorar, e em Coimbra está o único exemplar que existe destas tábuas, que foram desenhadas à mão e coloridas a aguarela.
A BGUC vive também de algumas doações valiosas, como a do Visconde da Trindade, Alberto Navarro. Uma biblioteca muito valiosa sobre a Restauração e a Inquisição que contém uma das maiores colecções de folhetos de autos de fé conhecida."
Paula Alexandra Almeida
Fonte: O Primeiro de Janeiro - 2-2-007
Etiquetas: Acervo Documental, Bibliotecas Universitárias |